segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"É preciso sair da mesmice"


(Entrevista com Eduardo Brandão)

por Bruna Torres

Jornal de Brasília
02/08/2010


A pesar de ter nascido no Rio de Janeiro, Eduardo Brandão, candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PV, se considera brasiliense. Isso porque veio para a cidade na festa de inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, quando ainda tinha um mês de idade. O postulante começou a militância nos movimentos estudantis da Universidade de Brasília (UnB), com discussões sobre o regime militar e a liberdade de expressão.

Tempos depois, Eduardo Brandão foi para Minas Gerais trabalhar na campanha de Tancredo Neves, já que em Brasília ainda não havia eleições. Voltou para a capital do País, onde começou a fazer parte do PV, há quase 20 anos. Hoje é secretário nacional e presidente do partido no DF.

A proposta do candidato busca trazer alternativas para Brasília que, na opinião dele, está cansada de ter sempre os mesmos partidos no comando do Palácio do Buriti. Com os problemas que a cidade passou depois de deflagrada a Operação Caixa de Pandora, Brandão acredita que o DF só "funcionou" graças aos servidores públicos, que "tocaram" a cidade, e por isso, ele explica que seu governo pretende trazer melhoras para eles.





Por que você se lançou como candidato?

Primeiro, porque acho que temos um fator nacional que é a Marina Silva (candidata à Presidência da República pelo PV). Isto está sendo um projeto alternativo para o Brasil, rompendo a polarização entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Viemos para dar uma alternativa para Brasília. Não é para marcar posição, é para falar fora do processo bipolar que assistimos há 22 anos, sempre o vermelho e o azul. Queremos ser exemplo fora desse processo viciado, precisamos sair desse lixo. Nosso partido não está atrelado a interesses financeiros, mas, sim, com a sociedade como um todo. Vamos surpreender. É hora de alternativa.



E o que essa nova alternativa traz ?

Acreditamos que a sociedade tem vocação para o novo e vai ser capaz de entender que temos capacidade de gerir e propor uma maneira diferente de olhar Brasília. De uma maneira mais pura, clara, transparente. Trabalhar com a sustentabilidade, começando pela questão social, qualificar profissionais e beneficiar mais os servidores públicos. Brasília ficou meses sem governo e quem tocou a cidade foram os servidores. O que tem que ordenar é valorizar os servidores e dar chances ao em preendedor, desde que não venha com relações ruins para o Estado.



O que você acha dos outros candidatos ao GDF?

Nossa candidatura, nossa campanha não será pautada nesse processo, olhando para o lado. Queremos somente olhar para frente e trazer propostas positivas que queremos alcançar. Brasília já sofreu demais e por isso não avaliamos outras candidaturas. Imagina ficar mostrando denúncias, isso faz a nossa gente sofrer. Assim, o cidadão perde a esperança. Espero que o eleitor entenda essa coisa de fazer uma eleição bipolar, sair da mesmice para não colhermos o que já colhemos.



O que você achou de o Distrito Federal ter sofrido uma ameaça de intervenção?

Fomos a favor. Entendíamos que era importante. Brasília perdeu em não ter esse processo (de intervenção). O que vemos é que muita gente que não parou na (Lei da) Ficha Limpa foi denunciado, e hoje está se colocando novamente à disposição da sociedade.


E você se considera um candidato ficha limpa?

Sou ficha limpa. A sociedade está cansada de ver isso tudo, e por isso está preparada para reconhecer um projeto alternativo.


Quais são as suas principais propostas?

Estamos com esse processo para avaliação junto com Marina Silva, para fazer uma grande Brasília, trazer a discussão de sustentabilidade. Mostrar que a humanidade pode conviver com as riquezas naturais do planeta. Queremos mudar a cultura do desperdício. As pessoas ainda estão nos conhecendo, e têm interesse nas nossas propostas. A campanha está engatinhando. Temos várias planilhas, como a de deslocamento das pessoas em horários diferentes. Estamos estudando os impactos que isso traz para o serviço. Não há necessidade de todos saírem às 8h e voltarem para casa às 18h. Temos também a proposta de implantar no serviço público a blindagem do funcionalismo público. Acabar com os cargos comissionados, que chegam a ser acima de oito mil.


Você acha que tem chances de ganhar as eleições, apesar de as pesquisas mostrarem outros candidatos na liderança?

Temos. Temos receptividade nos grandes locais em que fazemos campanhas. O brasileiro deixa tudo para a última hora. Enquanto a TV e o rádio não entrarem na pauta, as pessoas não se interessam. À medida que isto começar, agora com o término da Copa do Mundo, a volta das férias escolares, as pessoas se preocupam mais. As eleições começam morna, (os eleitores) vão começar a se preocupar agora em agosto e começar a ver quais são realmente os candidatos. O quadro vai mudar. A gente tem certeza que o povo não aguenta mais o azul e o vermelho de sempre.


Marina Silva disse ser contra o casamento entre homossexuais. Qual a sua posição sobre este assunto?

Acho que o PV tem as suas bandeiras. Eu tenho horror e sou contra qualquer tipo de discriminação, seja ela racial, de opção religiosa ou sexual. Respeito tem que estar acima de tudo. Não aceito discriminação, mas é preciso respeitar os limites dos outros.



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