“A modernização da política passa pelo financiamento público de campanha”
Por Eduardo Brandão
A realidade do sofrimento dos haitianos tem feito com que muitas pessoas se comovam com a catástrofe natural que assolou aquele país. Olhando aquelas imagens, eu tento traçar um paralelo, sem nenhuma comparação de dor, ao terremoto haitiano que ocorreu em Brasília, durante a abertura da Caixa de Pandora. As imagens chocantes divulgadas por meio dos vídeos feitos por Durval retratam, naquele momento, que a política de Brasília estava impotente, submissa, indefesa, quase morta. Estes acontecimentos agrediram os cidadãos brasilienses, gerando uma desilusão inigualável, num momento em que a gestão do atual governo assumia índices de aprovação próximos aos 80%. Esse terremoto político mexe com o sentimento de paixão e de amor dos brasilienses.
É necessário discutir nosso modelo político. A famosa reforma política, que nunca sai do papel, só acontecerá à medida que a sociedade pressionar o Congresso, do contrário, não haverá interesse por parte daqueles que estão lá se beneficiando do atual modelo.
Acho que o primeiro passo para a modernização passa pelo financiamento público de campanha. Sei que a reação imediata é aquela: “Mais dinheiro para os políticos corruptos”, mas este raciocínio está incorreto. No atual modelo, os políticos buscam financiamento para suas campanhas junto aos empresários, instituições, grupos financeiros. É lógico que esses investidores vão cobrar seus dividendos, caso o político seja eleito. Assim teremos uma bancada que sempre, de alguma forma, estará comprometida com algum interesse.
Se o Estado financia a campanha, sendo que os políticos se elegem para defender os interesses da sociedade, e não de algum grupo em especial, ele deverá prestar contas daquelas plataformas e projetos dos quais ele se comprometeu com seus eleitores.
O que restou para Brasília?
No tabuleiro político de Brasília, há hoje: de um lado o PT vai lançar candidatura; de outro, o grupo ligado ao Joaquim Roriz se articula. Se assim realmente for, o público vai assistir novamente ao mesmo Fla X Flu que Brasília vive desde sempre. Neste contexto, os outros partidos políticos ficam satélites diante destes pólos e no final dos tempos regimentais, iram aderir a um lado ou a outro.
Brasília entrou numa grande ruína política, é preciso edificar algo que não está posto. Este é o momento dos partidos políticos disponibilizarem os seus projetos à sociedade. Isso não quer dizer que os 28 partidos apresentariam para a sociedade, nomes para candidatos majoritários, mas que eles venham entender que é necessário apresentar disposição para uma reconstrução política.
Neste momento, o Partido Verde não vai ficar de braços cruzados esperando uma manifestação de terceiros para depois aderir a projetos de A ou de B. Por este motivo, o PV está trabalhando, em grupos setorizados voltados para a economia, saúde, educação, não para oferecer um personograma, mas para disponibilizar a sociedade projetos possíveis de serem implementados e levar a discussão política para o campo das idéias, da reflexão e da sustentabilidade.
Ideologia, nós temos uma!
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