Tribuna do Brasil - 05/08/2010
Foto: Divulgação
O jornal Tribuna do Brasil continua com a série de entrevistas com candidatos a governador do Distrito Federal. São as mesmas seis perguntas, enviadas aos candidatos, que têm como intuito esclarecer ao eleitor o plano de governo de cada um em diversas áreas, de acordo com as aspirações da população e necessidades emergenciais de cada setor.
O primeiro candidato a responder aos questionamentos elaborados pela equipe de jornalistas do Tribuna foi Agnelo Queiroz (PT), depois foi a vez de Rodrigo Dantas, do PSTU; hoje é a vez do candidato Eduardo Brandão, do PV. Amanhã serão veiculadas as metas de governo do candidato Newton Lins, do PSL/PTN.
Saúde: Quais seriam as soluções imediatas para problemas como a falta de medicamentos, leitos médicos, equipamentos para diagnóstico e qualificação profissional dos servidores que atuam nos hospitais da rede pública?
A primeira coisa é mudar o eixo do atendimento – os 16 hospitais do Distrito Federal estão sobrecarregados porque o sistema de atenção primária não funciona bem. Prioridade a programas preventivos é uma das maiores bandeiras do Partido Verde.
Temos de aumentar imediatamente o horário de funcionamento e o número de funcionários e profissionais médicos nos 61 centros de saúde e nos 40 postos de saúde urbanos e rurais. Precisamos contratar imediatam’ente profissionais e técnicos multidisciplinares para aumentar a quantidade de grupos de atendimento do Saúde em Casa. Precisamos, também, de iniciar conversação imediata com os governos dos três estados do entorno e com o Governo Federal para juntos encontrarmos soluções em pequeno, médio e longo prazos, para os pacientes que são encaminhados diariamente para os hospitais de Brasília.
Educação: Quais seriam as soluções imediatas propostas pelo senhor para aumentar a oferta de vagas na rede pública de ensino, melhorar a qualidade do ensino e reverter o péssimo estado de conservação das escolas públicas?
Para melhorar a estrutura física das escolas públicas, temos de aumentar o percentual da arrecadação do GDF na Educação, avançar na descentralização dos recursos administrados pelas próprias direções escolares e flexibilizar o uso dos recursos existentes para atender às necessidades mais urgentes da cada unidade de educação – hoje várias escolas têm dinheiro, mas têm de usar obrigatoriamente em rubricas fixas – e nem sempre as que interessam a cada uma delas especificamente.
A administração direta dos recursos leva as unidades escolares a adotar medidas de economia na medida de suas necessidades – isso já foi verificado na fase atual da descentralização. Os diretores também precisam do auxílio de gestores para poder se dedicar mais à atividade pedagógica. Paralelamente, é necessário estabelecer um plano de carreira que seja atraente para manter nos quadros da Secretaria de Educação profissionais das áreas em que se tem maior carência de profissionais – Física, Química, Biologia e Línguas, por exemplo.
Esses não costumam permanecer nas escolas porque os salários e as condições de trabalho não satisfazem suas expectativas. Muito também se perde na qualidade do ensino pelo fato de que os profissionais adoecem com freqüência, precisam se afastar e são substituídos sem a urgência devida, prejudicando o andamento do processo de aprendizagem. Um programa de atenção à saúde das professoras e professores é uma necessidade real que não vem recebendo o devido cuidado.
A situação da Educação Pública não se resolve de uma hora para outra, mas a partir dessas medidas, o caminho para uma solução definitiva se torna mais fácil.
Transporte: Qual seria a solução mais adequada para melhorar a qualidade do transporte público sem aumentar o valor da tarifa e atender a toda população que vem do Entorno do DF para trabalhar no centro de Brasília?
Nesse ponto é preciso, primeiro, ter um Governo independente, que não deva favores aos donos das empresas de ônibus e que realmente fiscalize, multe e até casse a concessão das empresas que não cumprirem com suas obrigações. E essas obrigações têm de ser claras, pois vemos ônibus superlotados em que até mesmo alguns aspectos de higiene não são observados da maneira devida.
Obviamente os empresários e o sindicato dos trabalhadores no transporte público têm de ser chamados ao diálogo, para o estabelecimento de uma agenda comum de metas e prazos para a reformulação do setor, incluída uma proposta de formação continuada e atenção à saúde dos profissionais – para que o respeito ao usuário do sistema de transporte público seja respeitado desde a formulação da política no Buriti até a porta de saída do veículo.
Um exemplo do que é possível fazer sem grandes gastos que impactem no preço das passagens é afixar em todos os pontos de ônibus os horários das linhas. Assim, a população vai poder cobrar e denunciar o atraso nos serviços. Também propomos a substituição paulatina da frota de ônibus por veículos que usem combustíveis menos poluentes e opções de transporte limpo sobre trilhos.
Em relação ao transporte entre as cidades do Entorno e o DF, o GDF tem de parar de “lavar as mãos”. Muita gente que mora lá, trabalha aqui, usa o comércio daqui e os hospitais daqui e isso não vai mudar! Se eu for governador, vou, por exemplo, negociar para que a gestão das linhas de ônibus do entre o DF e o Entorno passem a ser geridas pelo próprio GDF ou pelo menos em um sistema colegiado com as prefeituras.
Segurança: O que poderia ser feito para melhorar a qualificação dos agentes de segurança pública e o atendimento às ocorrências, proporcionando mais agilidade e rapidez?
Na Polícia Federal temos um exemplo prático, que foi aumentar o nível de exigência nos concursos admissionais. É claro que tem de haver uma contrapartida em termos de plano de carreira e remuneração, mas a formação prévia, o treinamento adequado – nos moldes do que é oferecido aos federais – e a formação continuada são indispensáveis para criar e manter um padrão de qualidade nas forças policiais. Junto com isso, tanto a Polícia Militar quanto a Civil precisam ser equipadas adequadamente.
E isso tem de ser feito rápido. Para o Mundial de 2014 a nossa polícia tem de estar preparada e equipada para lidar com o controle de multidões de maneira adequada. As cenas que vimos em frente à Câmara Legislativa nos últimos meses não podem voltar a ocorrer – existem técnicas e equipamentos para evitar aquele tipo de confronto físico.
Em relação ao atendimento, os postos comunitários ajudaram, mas acabaram se tornando balcões de reclamações. Eles servem de base, mas os policiais não devem ficar estacionados ali.
Qual será o seu grande projeto para Brasília?
Não penso em obras faraônicas. Meu grande projeto para Brasília é retomar o espírito original do projeto de Lúcio Costa, com o mesmo tipo de integração que houve entre ele, Niemeyer, Burle Max, Athos Bulcão, Lele Filgueiras e outros criadores. E acordar em cada cidadão o mesmo espírito de mutirão de que os candangos se imbuíram para criar a nossa capital. A partir dessa disposição faremos um grande projeto conjunto – não eu sozinho, para gravar meu nome, mas todo o povo brasiliense.
Qual o lugar que o senhor mais gosta em Brasília (lugar específico)?
Sou um apaixonado por Brasília. São lugares e coisas que só existem em aqui, a terra vermelha, a pizza da D. Bosco. Amo a Ermida D. Bosco, onde batizei dois dos meus filhos. Também tenho uma relação afetiva com o Gilberto Salomão e com o Beirute, onde vivi bons momentos na juventude. Mas o Lago Paranoá é, acima de todas, a minha maior paixão. E vou lutar para que todo cidadão brasiliense possa ter acesso a esse tesouro que está praticamente privatizado.
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