segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Marina Silva: "Não temos como secundar o meio-ambiente"
Em entrevista coletiva na ALESP antes da Convenção Nacional do Partido Verde, a pré-candidata Marina Silva declarou que o Brasil deveria ter causado um constrangimento ético em Copenhagen. O cenário ideal teria sido o Brasil se comprometer com o aporte de recursos, além do compromisso de reduzir as emissões de CO2.
Segundo Marina Silva, os nomes mais importantes do planeta pareciam meros convidados no evento que deveria ter sido o mais importante para a mudança. Ela disse que a maior parte dos participantes chegou na COP 15 despreparado. "Se não fosse a presença da sociedade civil, o Brasil teria sido mal representado," afirmou Marina.
Ao ser perguntada sobre sua candidatura, ela disse estar na etapa final: "A primeira etapa foi a dolorosa, a de sair do PT. A segunda, a prazeirosa, que foi a de nos filiarmos ao PV. Agora estamos na laborosa, que é a de construir uma proposta eficaz, para que o Brasil, que é uma potência ecológica, assuma compromisso com a mudança."
"Nosso país tem mais de 300 milhões de terra agricultável e que pode dobrar sua produção sem derrubar nem mais 1 árvore. Precisamos apenas das ferramentas corretas para a mudança," declarou.
Marina Silva disse que é preciso tecnologia e inovação: "A COP mostrou que existe outra agenda, a agenda tecnológica, para transformar boas idéias em políticas públicas para fazer a transição".
Durante a coletiva pediram que ela avaliasse a performance do presidente Lula e da Ministra Dilma Rousseff. Marina declarou que seria prepotente de sua parte avaliar o desempenho de outras pessoas. "Eu estava preocupada com o meu desempenho," disse ela.
A senadora disse que acredita que ajudou o Brasil a chegar no encontro com metas. "Não temos como secundar o meio-ambiente, quem quiser debater o futuro tem que se atualizar na agenda da sustentabilidade", acrescentou.
Ao avaliar o acordo da COP 15 ela chamou o resultado de "pífio". Segundo a Senadora, o ideal seria que os presidentes Lula e Obama tivessem se reposicionado sobre o acordo. "O presidente Lula assumiu um compromisso com os países da África e se equivocou ao não aderir ao ato de 1 bilhão. Era um ato simbólico. Não era pelo valor dos recursos. Se o Brasil tivesse aderido, mostraria que, se um país em desenvolvimento pode colocar 10% do valor total que está sendo investido, os países ricos poderiam colocar muito mais", destacou.
"Um país que colocou 10 bilhões no FMI pode investir recursos para ter solidariedade com os países que precisam", acrescentou. Segundo Marina Silva a decisão do presidente Lula foi contraditória com o compromisso que ele assumiu com os países mais pobres. Ela lembrou que o presidente Lula abriu uma agenda que era inexistente com os países africanos, mas que o gesto de colocar recursos na cesta da COP seria imprescindível.
"O maior protagonista da COP 15 foi a opinião pública."
A pré-candidata lembrou que as 3 metas principais não foram tratadas com a devida justiça e seriedade: a meta de redução de CO2, investimentos corretos e solidariedade com os países mais pobres. Todas elas saíram insuficientes.
Pesarosa, Marina reforçou que o resultado do encontro não foi compatível com a representatividade, ao lembrar os Chefes de Estado que lá compareceram. Apesar de as negociações da COP 15 terem ficado cristalizadas, ela acredita que o Brasil fez a diferença.
"Estamos aqui porque temos uma visão de mundo. Acreditamos que já estamos maduros, para que possamos criar as estruturas para que o Brasil protagonize uma mudança histórica de modelo de desenvolvimento sustentável", discursou Marina Silva posteriormente, na convenção do partido.
"Precisamos sair da cultura da culpa para entrar na cultura da vergonha. Precisamos ter uma visão ética e criar sistemas transparentes para financiamento de campanha. Vamos corrigir os erros do passado e apostar na lisura no presente," disse ela ao incentivar uma campanha transparente.
Marina Silva encerrou seu discurso dizendo: "Eu posso dizer que do jeito que o Brasil me olha, vai dar namoro".
Carolina Graciosa - Partido Verde - DF
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